segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O QUE É SANTIDADE

 
Lamentavelmente, os escândalos ocorridos nas igrejas vêm confirmar nosso entendimento de que em muitos ambientes evangélicos, a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente desconectados da vida cristã, dos cultos, dos milagres, da prosperidade em geral.

Uma análise do conceito bíblico de santidade destacaria uma série de princípios cruciais, dos quais destaco alguns aqui:

1) A santidade não tem nada a ver com usos e costumes. Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23).

2) A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações carismáticas existem sem ela. Isso fica muito claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade, culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). Não estou negando as manifestações espirituais. Creio que Deus é Deus. Contudo, Ele mesmo nos mostra na Bíblia que manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Mateus 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniqüidade, mesmo que eles tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23).

3) A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós e em viver de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Apesar de regenerados e de possuirmos uma nova natureza, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. É necessário mais poder espiritual para dominar as paixões carnais do que para expelir demônios. E, a julgar pelo que estamos vendo, estamos muito longe de estar vivendo uma grande efusão do Espírito. Onde as paixões carnais se manifestam, não há santidade, mesmo que a ortodoxia doutrinária seja defendida ardorosamente, doentes sejam curados, línguas sejam faladas e demônios sejam expulsos. A Bíblia não faz conexão direta entre santidade e manifestações carismáticas e defesa da ortodoxia. Ao contrário, a Bíblia nos adverte constantemente contra a ortodoxia dos fariseus, contra os falsos profetas, Satanás e seus emissários, cujo sinal característico é a operação de sinais e prodígios, ver Mateus 24.24; Marcos 13.22; 2Tessalonicenses 2.9; Apocalipse 13.13; Apocalipse 16.14.

4) É mais difícil vencer o domínio de hábitos pecaminosos do que quebrar maldições, libertar enfermos, e receber prosperidade. O poder da ressurreição, contudo, triunfa sobre o pecado e sobre a morte. Quando “sabemos” que fomos crucificados com Cristo (Romanos 6.6), nos “consideramos” mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11), não permitimos que o pecado “reine” sobre nós (Romanos 6.12) e nem nos “oferecemos” a ele como escravos (Romanos 6.13), experimentamos a vitória sobre o pecado (Romanos 6.14). Aleluia!

5) A santidade é progressiva. Ela não se obtém instantaneamente, por meio de alguma intervenção sobrenatural. Deus nunca prometeu que nos santificaria inteiramente e instantaneamente. Na verdade, os apóstolos escreveram as cartas do Novo Testamento exatamente para instruir os crentes no processo de santificação. Infelizmente, influenciados pelo pensamento de João Wesley – que noutros pontos tem sido inspiração para minha vida e de muitos outros –, alguns buscam a santificação instantânea, ou a experiência do amor perfeito, esquecidos que a pureza de vida e a santidade de coração são advindas de um processo diário, progressivo e incompleto aqui nesse mundo.

6) A santificação é um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo. Deus escolheu um povo para que fosse santo. O alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4). Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação do Espírito (2Tessalonicenses 2.13). Fomos predestinados para sermos conformes à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29). Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. Será levantado por força do propósito de Deus, mediante o Espírito. Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. Ele vai fazer como o filho pródigo, “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15.18). Ninguém que vive na prática do pecado, da corrupção, da imoralidade, da impiedade, – e gosta disso – pode dizer que é salvo, filho de Deus, por mais próspero que seja financeiramente, por mais milagres que tenha realizado e por mais experiências sobrenaturais que tenha tido.

Precisamos de santidade! E como! E a começar em mim. Tenha misericórdia, ó Deus!
 
Augustus Nicodemus

domingo, 17 de novembro de 2013

UNIVERSALISMO


Texto do Pr. Renato Vargens


Outro dia eu escrevi um texto refutando a teologia universalista defendida pelo pastor Ed Rene Kivitz.

Pois é, ainda que as afirmações do pastor da  Igreja Batista da Água Branca tenham sido bem claras, alguns irmãos queridos visando defender a prédica do Ed Rene, afirmaram que foi não bem isso que ele disse em sua mensagem e que na verdade, ele não era universalista.

Bom, antes de qualquer coisa gostaria de afirmar que não possuo absolutamente nada contra o caráter do Ed  e que minhas divergências com ele não são pessoais e sim teológicas.

Isto posto e esclarecido, vamos aos fatos: 

Kivitz em uma de suas mensagens afirmou alguns pressupostos teológicos os quais divirjo. No vídeo intitulado "Um lugar à mesa" ele negou as doutrinas bíblicas e ortodoxas da soteriologia defendendo ABERTAMENTE o UNIVERSALISMO, senão vejamos:   

Em sua mensagem Ed Rene falou da ''justiça de Cristo  afirmando que o pecado não é mais um critério entre Deus e os homens . Afirmou também  que Hitler e Herodes estão  à mesa ao lado de Jesus . Declarou  que arrependimento e confissão de pecados não são critérios para assentar-se à mesa de Deus no reino celestial. Tendo como texto base João 1.29, ele defendeu que o cordeiro de Deus tirou o pecado do mundo, e que isso envolve todos os pecados de todas as pessoas, quer tenham se arrependido ou não, de modo que as pessoas podem ser salvas, sem a necessidade de se arrependerem e confiarem em Jesus.

Caro leitor como já escrevi anteriormente os que ensinam que TODOS os homens serão salvos afrontam as verdades  defendidas pelas Escrituras. Segundo os universalistas, o inferno simplesmente não tem sentido, mesmo porque, todos viverão para sempre com o Senhor Jesus no céu.

Sinceramente acreditar nisso significa negar a verdade pregada por Paulo que ensinou que o salário do pecado é a morte. 

Ora, por favor, pare e pense se todos serão salvos para que então  pregar o evangelho? Se todos serão salvos o inferno não existe, e se ele não existe o que fazer com os inúmeros textos bíblicos que afirmam sua existência?

Sim para contragosto dos liberais e universalistas o inferno existe! Ele é  uma verdade clara  e indiscutível na Bíblia. Como afirmei anteriormente eu não me alegro com o inferno. Na verdade, já até escrevi sobre isso. Todavia, o fato de não gostar dele, não me concede o direito de negar a sua existência. 

Veja por exemplo o que a Bíblia tem a dizer sobre a existência do Inferno:
  • Mat 5:22  Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
  • Mat 5:29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
  • Mat 5:30  E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
  • Mat 10:28  Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
  • Mat 11:23  Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.
  • Mat 16:18  Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
  • Mat 18:9  Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
  • Mat 23:15  Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
  • Mat 23:33  Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
  • Marcos 9:43  E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível
  • Marcos 9:45  E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno
  • Marcos 9:47  E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno,
  • Lucas 10:15  Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno.
  • Lucas 12:5  Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer.
  • Lucas 16:23  No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
  • Mat 13:42 e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.
  • Mat 3:12 A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
  • Mat 25:41 Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.
  • João 15:6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
  • Mat 22:13 Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Isto posto afirmo:

1-) Ed Rene e os universalistas estão errados pelo fato de que a Palavra de Deus contrapondo-se aos seus ensinos afirma categoricamente que “Os perversos serão lançados no inferno, bem como  todas as nações   que se esquecem de Deus.” 

2-) Ed Rene e os universalistas estão errados pelo fato da Bíblia descrever o inferno como um lugar terrível, de tormento e onde estarão por toda a eternidade todos aqueles que não tiveram seus pecados perdoados por Cristo.

3-) Ed Rene e os universalistas estão errados pelo fato da Palavra de Deus ensinar que na volta de Jesus todos os homens serão ressuscitados. Os justos para a Glória e os injustos para o castigo eterno ( Mt 25.31-46)

Prezado amigo, as referências de Jesus ao inferno, como o castigo eterno dos ímpios, formam reconhecidamente um dos temas dominantes do ensino do Messias esperado, contudo, para nossa tristeza,  ao defender o UNIVERSALISMO, Ed Rene se contrapõe aos ensinos do Senhor jogando no lata do lixo verdades inquestionáveis defendidas pelos apóstolos, pelos pais da Igreja, pelos reformadores, bem como todos aqueles que fizeram e fazem da Palavra de Deus sua única e exclusiva regra de fé.

Termino esse artigo afirmando que creio piamente que a única maneira dos homens serem salvos é mediante Cristo, e que se não houver arrependimento, confissão de pecados, bem como fé no Cordeiro de Deus  ninguém poderá ser salvo.

Em Cristo,

Renato Vargens

sábado, 16 de novembro de 2013

O CAMINHO

"Se conheço o caminho de casa e ando por ele embriagado, o caminho não deixa de ser certo simplesmente porque ando por ele cambaleando. Se não é o caminho correto, então mostre-me um outro; mas se cambaleio e perco o caminho, você deve me ajudar, deve manter-me na senda da verdade, assim como eu mesmo estou disposto a ajudá-lo".
                                                                                           
                                                                                                                                              Leon Tolstoi

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

COMO SER UM VENCEDOR EM MEIO AO SOFRIMENTO



TEXTO BÍBLICO: GÊNESIS 41: 37- 52 

INTRODUÇÃO

José foi um grande vencedor em meio ao sofrimento. Você também pode ser um vencedor. O problema é que muitos não acreditam nesta verdade.

José levava uma vida aparentemente tranquila nas tendas de Jacó, seu pai. Mas sua história de privilégios, por ser o filho preferido de Jacó, transformou-se numa história de sofrimento.

Por inveja, José foi vendido pelos irmãos aos Ismaelitas, mercadores nômades, que por sua vez o venderam na terra do Egito a Potifar, oficial de Faraó.

Em meio ao sofrimento, José confiou no Senhor e deixou que Ele o guiasse em todos os seus caminhos porque entendia que Deus tinha o controle da história em suas mãos.

Depois de passar por muitas adversidades na terra do Egito e de ter permanecido fiel, Deus o colocou no posto de governador daquela nação, um fato extraordinário para um jovem hebreu.

Aos dezessete anos de idade começaram os desafios de José e aos trinta anos, ele se tornou um vencedor. Foram treze anos de sofrimento, mas José se tornara o segundo homem mais poderoso do Egito.

José permaneceu fiel ao Senhor em meio ao sofrimento, não desistiu da vida nem desistiu dos seus sonhos, por isso, recebeu a vitória da parte de Deus.

Como ser um vencedor em meio ao sofrimento e as adversidades da vida? Qual o caminho que devemos seguir para que o Senhor nos faça vencedores como fez com José?

I – NUNCA DESISTA DE VIVER OS SONHOS DE DEUS PARA SUA VIDA

a. Seja uma pessoa determinada, decidida a viver os sonhos que Deus tem para você;
b. Seja uma pessoa perseverante, não desista diante das dificuldades;
c. Seja uma pessoa capacitada, preparada para quando a oportunidade chegar.

II – NÃO ACEITE VIVER NA MEDIOCRIDADE (Mediano ou Insignificante).

a. Busque a excelência (grau elevado de perfeição, de bondade; superação dos limites);
b. Vença todos os obstáculos que surgirem e os que não puder, aprenda a contornar;
c. Resolva os conflitos internos da sua alma e fique livre para buscar a excelência.

III – VIVA SEGUNDO A VONTADE DE DEUS

a. Pratique a obediência a Deus;
b. Pratique a justiça de Deus;
c. Pratique a comunhão com Deus e com a sua igreja.

IV – JAMAIS NEGOCIE A SUA FIDELIDADE AO SENHOR (HONRA)

a. Tenha um caráter inabalável (cunho, marca, impressão);
b. Viva sempre de acordo com a verdade;
c. Busque a santidade em todos os momentos e em todas as áreas da vida.

V – NÃO DEIXE O ÓDIO DOMINÁ-LO (A), MAS VENÇA-O COM O AMOR DE DEUS (A)

a. Perdoe seus ofensores, aprenda o caminho que é sobremodo excelente;
b. Viva o amor de Deus na prática;
c. Busque a moderação (agir com prudência, tornar suave, evitar excesso).

VI – ABRACE TODAS AS OPORTUNIDADES QUE DEUS LHE DER

a. Não viva no comodismo, corra atrás dos seus sonhos;
b. Não tenha medo de aceitar grandes desafios, Deus capacitará você para vencê-los;
c. Aprenda a superar suas fraquezas, você pode dominá-las com a graça de Deus.

VII – ENTENDA QUE DEUS ESTÁ CONDUZINDO A HISTÓRIA DA SUA VIDA

a. Confie em Deus, Ele está no controle;
b. Obedeça à direção de Deus que você chegará ao fim desejado.

VIII – NA CAMINHADA DA VIDA PROTEJA O SEU CORAÇÃO

a. Não se alimente de mágoas, ofensas, tristezas;
b. Dê uma nova oportunidade a você e ao próximo;
c. Dê a outra face, ande a segunda milha se for necessário.

CONCLUSÃO

É possível vencer os desafios, as adversidades, superar limites e conquistar a vitória. É possível ser um vencedor, mas para que isso aconteça, precisamos confiar em Deus, em nós mesmos e seguir a direção que a Palavra do Senhor nos oferece.

PR. MÁRCIO LOPES

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ENTREVISTA SOBRE PORNOGRAFIA

Texto do Dr. Augustus Nicodemus 
 
Consumir pornografia é mais comum do que pensamos pelos que se declaram evangélicos. Infelizmente o número de homens e mulheres que se declaram cristãos e que consomem imagens pornográficas pela internet, celular e outras mídias, é alarmante.

Enquanto que muitos já cauterizaram a consciência com argumentações a favor de consumir pornografia, outros ainda estão lutando para se livrar dela. Esta luta por vezes é silenciosa, oculta, solitária, por causa da vergonha ou do receio de se buscar ajuda. Há muitos testemunhos de pessoas que um dia foram viciadas em sexo virtual mas que, com a graça de Deus, encontraram libertação.

Ninguém nunca me entrevistou sobre este assunto, mas imagino que uma entrevista seria mais ou menos assim:

1) Pode definir o que é pornografia?

Pornografia é aquilo tipo de coisa que é difícil de definir, mas que todo mundo reconhece na hora que vê. É a representação da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir excitação sexual por qualquer tipo de mídia. Geralmente trata os seres humanos como coisas e as mulheres, em particular, como objetos sexuais.

2) Por que as igrejas não falam mais deste assunto, já que certamente existem muitos membros viciados em pornografia? 

Diversas razões. O assunto é considerado como melindroso de ser tratado em público. Além disto, alguns líderes receiam despertar o interesse das pessoas pela pornografia se começarem a falar sobre ela. Mais importante, pode ser que a própria liderança de algumas igrejas não se sinta autorizada a falar contra isto pelo fato de estarem, eles mesmos, lutando contra a adição à pornografia. Mas, é dever da Igreja orientar seus membros quanto ao ensino bíblico da sexualidade. Uma abordagem honesta, firme e bíblica instruirá a comunidade sem despertar curiosidades indevidas.

3) É lícito a casais cristãos usarem material erótico em busca de maior enriquecimento das relações sexuais dentro do casamento? 

Acredito que não. O casamento não transforma o quarto de casal em quarto de motel. O que Jesus falou sobre a pureza das intenções no olhar para uma mulher (Mt 5.28 ) e o que Paulo nos ensinou sobre ocupar a mente com coisas aprovadas por Deus (Fp 4.8 ) continuam valendo para quem é casado. O fato de que o casal concorda em ver pornografia juntos não diminui em nada o peso destes ensinos. Casais cristãos que querem melhoria na vida sexual, podem utilizar livros sobre a sexualidade escritos da perspectiva bíblica, que ajudam a enriquecer a intimidade marital e melhorar a técnica sexual no casamento, sem incorrer em adultério e nos riscos envolvidos no uso de material pornográfico.

4) Mas, e fantasiar durante as relações sexuais com o marido ou a esposa, trazendo à mente imagens de relações sexuais? Seria errado também?

Sim, conforme resposta dada à pergunta anterior. É uma violação de Mateus 5.28 e de Filipenses 4.8.

5) Por que cristãos, que sabem que a pornografia é danosa e pecaminosa, se aventuram ainda a visitar sites pornográficos na Internet?

Eu poderia mencionar alguns aspectos da pornografia que a tornam atraente, como ser acessível, grátis e anônima. A razão primordial, porém, é a degradação do coração humano. Tal corrupção permanece no cristão e o inclina a todo mal. Conforme ensina o Senhor Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, … os adultérios … as malícias … a lascívia…” (Mc 7.22-23). Ensina ainda o apóstolo Paulo: “as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia…” (Gl 5.19). Portanto, a libertação tem que levar em conta que o problema é espiritual.

6) Se uma pessoa casada está tendo problemas com pornografia, deveria confessar ao cônjuge?

Teoricamente, sim. No processo de vencer este hábito pecaminoso é importante ter alguém – de preferência o cônjuge – a quem prestar contas dos seus atos e pedir orações e apoio. Além disto, consumir pornografia é pecado contra o cônjuge, pois se constitui em adultério. Biblicamente, deveríamos confessar ao cônjuge e pedir-lhe perdão, além de seu apoio e ajuda para vencer o hábito. Todavia, em certos casos, pode ser que o cônjuge não esteja preparado para tomar conhecimento destes fatos. Será preciso ajuda de um conselheiro capaz e experiente, para ajudar no processo.

7) É lícito ao cristão ver imagens de nudez apenas para apreciá-las como arte?

Devido ao fato que somos seres sexuados, é praticamente impossível se expor à nudez sem que haja despertamento sexual, fantasias, desejos, impulsos e intenções. Isto é agravado pela presença da natureza pecaminosa no cristão, tornando-se praticamente impossível para um homem apreciar a nudez feminina sem o despertamento da lascívia e intenções sexuais. Além disto, a indústria pornográfica produz imagens de mulheres e homens nus, não para serem apreciados como arte, mas para provocarem a excitação sexual e a masturbação. Por fim, ao cobrir a nudez de Adão e Eva (Gn 3.21), Deus já indicou que a nudez deve ser velada e desfrutada apenas no ambiente de casamento.

8 ) A masturbação é errada?

Este hábito está profundamente ligado à pornografia. A masturbação é errada porque envolve o uso de imagens mentais eróticas e fantasias sexuais, violando Mateus 5.28. Dificilmente alguém se masturbaria pensando nas cataratas do Niágara...

9) Já que a pornografia é legal no Brasil, por que um cristão, que também é cidadão brasileiro, não pode consumi-la?

O motivo é que o cristão se rege primeiramente pela Palavra de Deus. Ainda que no Brasil seja legal a publicação, veiculação e consumo de material pornográfico, contudo as Escrituras condenam a prostituição, a perversão sexual, o adultério, a sodomia, o lesbianismo, e outras práticas sexuais que são objeto da pornografia.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OS DESIGREJADOS

Texto do Dr. Augustus Nicodemus
Para mim resta pouca dúvida de que a igreja institucional e organizada está hoje no centro de acirradas discussões em praticamente todos os quartéis da cristandade, e mesmo fora dela. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o poderio apostólico de igrejas neopentecostais, a institucionalização e secularização das denominações históricas, a profissionalização do ministério pastoral, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo estado, a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas, de sucesso pastoral, os escândalos ocorridos nas igrejas, a falta de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes – tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada.
 
Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Mas, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja.
 
Muitos destes estão apenas decepcionados com a igreja institucional e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma. Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas ideias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. São os desigrejados.
 
Muitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristianismo (*). 
Em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos.
1) Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.
2) Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente.
3) Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.
4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.
5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que creem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem no Frans Café numa sexta a noite para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada.
6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.
Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos e nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.
Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. Concordo com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e por ai vai. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história.
Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo em vôo solo. Pergunto ainda se os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, anti-regras, anti-autoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.
É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino.
1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre-pensadores de sua época, que queriam dar uma outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livre-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.
2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8). Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro.
3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para bebericar café nas sextas à noite e discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo.
4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14).
5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At 16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.
6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que crêem a mesma coisa sobre o Senhor.
É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.
O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15.41; 16.5; veja também Rm 16.4,16; 1Co 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).
No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.
Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares.