domingo, 27 de outubro de 2013

O MODELO DA ORAÇÃO DE JESUS



TEXTO: MATEUS 6.5-13

"E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem. Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.

INTRODUÇÃO

Nesse texto em que Jesus fala sobre a oração, Ele chamou a atenção dos discípulos para que não orassem como os pagãos gentios, usando de vãs repetições.
Ao ensinar seus discípulos a orar, Jesus usou parte de uma oração judaica muito comum chamada Kadet, que geralmente era feita nas sinagogas e continha as palavras: exaltado e santificado seja Teu grandioso nome [...] que venha o Teu reino.

I. ORAÇÕES QUE DEUS REJEITA (6.5, 7-8).

1. Orações exibidas (6.5): Orar publicamente só traz recompensa humana.

O que Jesus combate aqui é a hipocrisia ao orar. Seus discípulos não deveriam se posicionar propositadamente em áreas públicas de forma que os outros, vendo-os orar, ficassem impressionados por suas devoções.

Jesus combate o amor pela proeminência. Se o único motivo para a nossa oração pública é ser visto pelos homens, Jesus declara que já recebemos a recompensa.

2. Orações repetitivas (6.7-8): Deus sabe do que precisamos antes mesmo de lhe pedir.

Os pagãos citavam nas orações, longas listas com o nome dos seus falsos deuses, na esperança de, mediante a constante repetição, invocarem o nome daquele falso deus que os ajudasse.

Precisamos entender também que Jesus não está necessariamente condenando todas as orações longas, mas apenas aquelas sem sentido.

As nossas orações não podem ser feitas com sentenças decoradas ou frases vazias. Deus quer ouvir as expressões sinceras do coração.

Deus sabe quais são as nossas necessidades. A razão de ser da oração é o reconhecimento da total dependência dEle.

Aqueles que oram com propósitos errados já receberam o seu galardão – assim como aqueles que praticam boas obras, mas com motivações erradas (Mt. 6.2).

II. A ORAÇÃO QUE DEUS RECEBE (6.6)

1. Deus recebe a oração feita com discrição.
Jesus deixa bem claro que o caminho para a oração ser respondida é fazê-la em secreto, e não para ser visto pelos homens – “mas quando você orar vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai que vê em secreto, o recompensará”.

Se o motivo sincero é chegar a Deus, Ele ouvirá e recompensará. Mas perceba no contexto que o ponto principal não é onde oramos. A ênfase aqui está em porque oramos – para sermos vistos pelas pessoas ou para sermos ouvidos por Deus.

III. ELEMENTOS DA ORAÇÃO (6.9-13)

A oração de Jesus é um modelo, não simplesmente uma liturgia. É fantástica pela sua brevidade, pela sua simplicidade e abrangência.

Quais são os elementos da oração modelo?

1. O primeiro elemento é a fé (6.9a): “Pai nosso que estás no céu”.

A oração deve ser endereçada a Deus, o Pai, em reconhecimento da sua soberania sobre o universo.

2. O segundo elemento é a adoração (6.9b): “Santificado seja o teu nome”.

Jesus nos ensina que deveríamos iniciar as orações com adoração, designando louvor e honra a Deus, que é o único digno de recebê-los.

Santificar o nome de Deus era o princípio central da ética judaica, significando ter uma vida que honra a Deus mesmo vivendo entre os gentios pagãos.

3. O terceiro elemento é a expectativa (6.10a): “Venha o teu reino”.

Depois de adorarmos a Deus, deveríamos orar para que o seu reino avançasse em cada um de nós.

Jesus nos ensina a orar colocando o reino de Deus em primeiro lugar e não os nossos próprios interesses.

4. O quarto elemento é a submissão (6.10b): “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”.

A petição implica o reconhecimento da vontade de Deus (boa, perfeita e agradável) para nossas vidas.

A expressão “assim na terra como no céu” indica o desejo pelas realidades existentes no céu (adoração, regência soberana de Deus e o desempenho da sua vontade).

5. Quinto elemento é a petição (6.11): “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”.

Ao colocarmos os interesses de Deus em primeiro lugar, nos é permitido apresentar nossas necessidades.

Essa petição também reconhece nossa dependência de Deus pela providência diária, tanto espiritual como física.

6. O sexto elemento é a confissão (6.12a): “E perdoa-nos as nossas dívidas”.

Os homens são pecadores por violarem as leis de Deus. Todos nós, diariamente, precisamos confessar pecados e pedir perdão a Deus e às pessoas que machucamos.

7. O sétimo elemento é a compaixão (6.12b, 14-15): “Assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores”.

Também precisamos aprender a perdoar aqueles que nos ofendem, não importando a ofensa, pois todos nós recebemos o perdão de uma dívida impagável.

Se os cristãos não estão dispostos a perdoar àqueles que os têm ofendidos, como podem esperar estar em comunhão com o Pai.

8. O oitavo elemento é a dependência (6.13a): “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.

Essa petição autentica a completa dependência do Senhor, a fim de sermos preservados. Deve ser a oração de todos nós, que desejamos ser guardados do pecado pelo poder de Deus.

9. O nono elemento é o reconhecimento (6.13b.): “Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre”.

João Calvino comentando esse texto disse: “Não apenas aquecer nosso coração em direção à glória de Deus [...], mas também para nos falar que todas as nossas orações [...] não têm nenhum outro alicerce a não ser unicamente em Deus”.

CONCLUSÃO

Que todos nós possamos desenvolver uma vida de oração segundo o modelo de Jesus, expressando aquilo que está no nosso coração, mas numa atitude de total submissão a Deus, a sua Palavra e ao Espírito Santo.

PR. MÁRCIO LOPES

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